Existem certos filmes de terror que assustam. Outros conseguem proporcionar verdadeiras dores de barriga pelas risadas diante da falta de senso do ridículo. "Drag Me To Hell" (Arraste-me para o Inferno no Brasil) entretanto, dá espaço ao riso e terror mas não desce ao nível. Para o público que curte o gênero, é com certeza uma das melhores opções de gênero suspense dos últimos tempos, já que se você não morrer de medo de sua visceral e criativa história, sem dúvida trará umas boas risadas.
Sam Raimi, diretor da obra, acertou mais uma vez. Mesmo após dirigir outros filmes bem conhecidos que o tornam um cineasta digno da atenção de Hollywood, como a trilogia "Homem Aranha" ou "O Dom da Premonição", seu grande sucesso está à algumas décadas atrás, que astutamente possui várias cenas parecidas com o filme desta postagem. Iniciado em 1981, a série "Evil Dead" entrou para a lista dos filmes trash mais memoráveis dos anos 80 e 90, onde o diretor fez toda aquela fantasia acontecer com apenas 21 anos. Vinte e oito anos se passaram após o lançamento da mesma, e Sam Raimi se tornou um mestre em arrancar sustos e risadas da platéia, com situações inusitadas acontecendo em meio às cenas de aflição pelas quais os personagens passavam.
A premissa da história é o seguinte: Christine Brown é uma funcionária de um banco que nega a renovação da hipoteca de uma estranha senhora para impressionar seu patrão que jurava acrescentar um aumento em seu empréstimo e como vingança, roga uma praga que persegue a protagonista durante todo o filme, fazendo com que ela procure até uma cigana que tinha experiência com as atividades sobrenaturais para retirar o demônio que atormenta a vida e relacionamento de Christine. O roteiro se aproveita bem da sinopse e de outros aspectos da trama que vão desde a apreensão por uma promoção no emprego até mesmo o fato de conhecer a família do namorado. Porém, existe na maioria das vezes em Drag Me To Hell uma sensação do óbvio rondando sobre ele. Poucas vezes nos sentimos surpreendidos; na maior parte do tempo antecipamos as situações que vão acontecer – algo que para uma história de terror/suspense é um ponto negativo devastador.
O auge da história é nas suas cenas impactantes que causam os sustos no público. Muito bem estruturadas, são sequências muito bem filmadas, que sempre focam no ator e nos medos do personagem nas situações inaturais. Sam Raimi usa todos os recursos que tem a disposição para mostrar todo o terror que o personagem está encarando. Desde a maquiagem e figurino da senhora amaldiçoada, até aos cenários e imposições de iluminação, provocam a agonia no espectador como a cena de Christine invocando a maldição no cemitério, que também podem ser vistas mesmo nas filmadas à luz do dia. Tecnicamente, o longa é competente apesar de primar e conceituar o tipo "tosco" para os suspenses atuais.
Arraste-me para o Inferno é um filme bem escrito e dotado de efeitos altamente funcionais. Possui ótimas atuações, e tem um clima eficaz (mesmo largado em algumas partes). Ou seja, é um ótimo exemplar desse gênero que mesmo com os aparatos e soluções criados com o intuito de simplesmente divertir, apresenta algumas discussões socio-culturais como ética humana que são acrescentados na história. Pesado, não é? Mas não se assustem, o que importa mesmo é entrar no clima e se entregar nas risadas e sustos que esse suspense/trash dá a todos os que assistem, como só um filme bem executado pode ocasionar.